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12 de dezembro de 2009

A Coca-Cola...



A primeira garrafa que aparece na foto, lembra um frasco de remédio, não é?
Não só lembra, como era remédio mesmo, segundo seu inventor, o farmacêutico e militar aposentado John Styth Pemberton.


No quintal de sua casa em Atlanta (Geórgia, EUA), passava o tempo inventando fórmulas complicadas, capazes de curar "todos os males do corpo e da alma".


Em março de 1885, foi a vez de um tônico resconstituinte contra "enjôo, ressaca, cansaço, exaustão física e mental", feito a partir de uma mistura de ingredientes vindos de longe: coca (do Peru e da Bolívia), com folhas que eram usadas pelos nativos como estimulante, além de pequena quantidade de cocaína; e cola (da África), cuja noz é rica em cafeína e teobromina, empregada para combater fadiga e sede.


Por esse tempo, tratava-se ainda de um xarope escuro, grosso e muito amargo. Insatisfeito, Pemberton continuou acrescentando novos ingredientes à receita original, como ácido cítrico e essências de frutas. Mais tarde, com a colaboração do amigo (também aposentado) Frank Robinson, patenteou a fórmula; trocou o nome para Coca-Cola (inspirado nos seus principais ingredientes); criou logotipo, já com as letras inclinadas que tem hoje; e uma embalagem de atacado, em barris de madeira (antes usados para armazenar uísque) pintados de vermelho – mesma cor que viria, depois, a ser usada nos rótulos do produto. Segundo anúncio no The Atlanta Journal, era “Coca-cola! Delicious! Refreshing! Exulareting! Invigorating!” (“Coca-cola! Deliciosa! Refrescante! Fantástica! Revigorante”). Seu tônico passou então a ser vendido na Jacob’s Pharmacy, ao preço de 5 cents o copo, puro ou misturado com água (natural ou gasosa). Mas não foi um início economicamente promissor. Em média, eram vendidas por dia apenas nove doses. Por todo um ano, apenas 94 litros. Faturamento de 50 dólares, contra 74 aplicados nos gastos com propaganda. Em 1891, doente e quase falido, o pobre Pemberton vendeu sua fórmula a outro farmacêutico, Asa Griggs Candler, por 2.300 dólares. Sem nem desconfiar de que estava fazendo o pior negócio de sua vida.

Candler aperfeiçoou o produto – cancelou a cocaína, reduziu a cafeína, substituiu ácido cítrico por ácido fosfórico, acrescentou glicerina e um saborizante à base de óleo de lima. Assim nascia a fórmula conhecida, até hoje, como “Merchandise 7x”. Um segredo guardado a sete chaves, num cofre do Trust Co. Bank (em Atlanta), que só pode ser aberto com autorização de todos os diretores da empresa. E apenas dois executivos de produção (sem identidade revelada) têm acesso, cada um, à metade da fórmula. Tão grande é esse zelo, que a Coca-Cola preferiu abandonar um país como a Índia, que em 2012 será o mais populoso do mundo, a ter que cumprir ordem governamental de revelar a fórmula.

O produto era, nesse início, oferecido em garrafinhas de 185 ml, concebidas por Joseph Biedenharn. Bem diferentes, ainda, daquelas que viriam a ser definitivas, com 200 ml, em estilo art nouveau – criadas, em 1915, por Earl Dean.

Segundo o próprio artista, inspirada nas curvas do corpo da mulher, escondidas nas saias pregueadas que vestiam na época. Não por acaso a embalagem recebeu o nome de Mae West, um símbolo sexual da América. Deu certo. Sucesso de marketing e de vendas. Candler ganhou milhões de dólares, foi eleito prefeito de Atlanta e entregou o negócio ao filho Howard – que, em 1923, por 25 milhões de dólares, vendeu a Coca-Cola Company a Ernest Woodruff.
Logo depois, o velho Candler teve um derrame cerebral e acabou morrendo. Muito triste e muito rico.
Para Woodruff, “Coca-Cola era o sonho americano numa garrafa”. Sua estratégia de venda era “um cartaz em cada esquina, e garrafas de coca em todos os estabelecimentos”.

Para conquistar o público infanto-juvenil, em 1931, contratou o publicitário sueco Haddon Sundblom. Assim nasceu – como conhecemos hoje – a figura de Papai Noel. Desde 1881, por conta dos desenhos de Thomas Nast na Harper’s Weeklys, o bom velhinho era magro e se vestia de azul, amarelo, verde e vermelho. Acabou gordinho (como a garrafa) e vestindo as mesmas cores do rótulo (vermelho e branco).

Ao Brasil, a Coca-Cola chegou em 1941, durante a Segunda Guerra. Primeiro em Pernambuco, onde havia uma base americana. Apenas para servir às forças armadas. Porque Woodruff, em um arroubo patriótico, decidiu que todo soldado americano deveria poder comprar o refrigerante, em qualquer lugar, pelos mesmos 5 cents. Pouco importava o custo. E logo a garrafinha se converteu em símbolo nacional.

No Recife, a produção começou na Fábrica de Água Mineral Santa Clara; mas logo se espalhou por todo o Estado e chegou a Natal – produzidos em miniunidades, a partir de kits importados. A primeira fábrica “de verdade” foi instalada no Rio de Janeiro – em São Cristóvão, na rua Conde de Leopoldina. O concentrado e o gás, que vinham dos Estados Unidos, eram misturados em um enorme tanque de 300 litros, usando colheres de pau feitas com peroba do campo – madeira que não deixa gosto nem cheiro. Só no primeiro dia foram vendidas 1.843 caixas.

Em média, hoje, são vendidas 40.000 garrafas/latinhas por segundo. Em todo lugar. Coca-Cola se toma pura, com gelo e rodelas de laranja ou limão; ou como base de bebidas famosas – Cubra Libre (com rum) e Vaca Preta (com sorvete de creme). É também ingrediente de bolos, tortas e carnes (galinha, porco, carneiro) assados. Até, por ironia do destino, em alguns casos voltou a ser usada como remédio para enjôo, enxaqueca, ressaca, desidratação; embora, disso já soubesse John Styth Pemberton, seu inventor, há mais de um século. Cumprindo, por fim, lembrar que também se presta para fins heterodoxos, impensáveis para seus criadores, como amaciante de carnes e desentupidor de pias. O mais saboroso desentupidor de pias do planeta, em verdade se diga.


É isso aí pessoal!!!

"That's all falks!!!

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